terça-feira, 30 de junho de 2009

A Menina que Roubava Livros...

- UMA PEQUENA TEORIA -

As pessoas só observam as cores do dia no começo e no fim, mas, para mim, está muito claro que o dia se funde através de uma multidão de matizes e entonações, a cada momento que passa. Uma só hora pode consistir em milhares de cores diferentes. Amarelos céreos, azuis borrifados de nuvens. Escuridões enevoadas. No meu ramo de atividade, faço questão de notá-los.

{página 10}
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quarta-feira, 24 de junho de 2009

A Cabana...

"Março desatou uma torrente de chuvas depois de um inverno de secura anormal. Uma frente fria desceu do Canadá e foi contida por rajadas de vento que rugiam pelo desfiladeiro, vindas do Leste do Oregon. Ainda que a primavera certamente estivesse logo ali, depois da esquina, o deus do inverno não iria abandonar sem luta seu domínio conquistado com dificuldade. Havia um cobertor de neve recente nas Cascades, e agora a chuva congelava ao bater no chão do lado de fora da casa. Motivo suficiente para Mack se enroscar com um livro e uma sidra quente, aconchegando-se no calor do fogo que estalava na lareira.

{...}
Parou para apreciar a beleza de um mundo engolfado em cristal. Tudo refletia luz e colaborava para o brilho crescente do fim de tarde. As árvores no campo do vizinho tinham-se coberto com mantos translúcidos, e agora cada uma parecia única ao seu olhar. Era um mundo radiante e, por um momento, seu esplendor luzidio quase retirou, ainda que por apenas alguns segundos, a Grande Tristeza dos ombros de Mack.

Demorou quase um minuto para arrancar o gelo que havia lacrado a tampa da caixa de correio. A recompensa por seus esforços foi um único envelope onde havia apenas seu primeiro nome escrito à máquina do lado de fora; sem selo, sem carimbo e sem remetente. Curioso, ele rasgou a borda do envelope, tarefa que não foi fácil, pois os dedos começavam a se enrijecer de frio. Dando as costas para o vento que lhe tirava o fôlego, finalmente conseguiu arrancar do ninho um pequeno retângulo de papel sem dobra. A mensagem datilografada dizia simplesmente:
.
Mackenzie

Já faz um tempo.
Senti sua falta.
Estarei na cabana no fim de semana que vem, se você quiser me encontrar.

Papai

Mack se enrijeceu enquanto uma onda de náusea percorria seu corpo e, com igual rapidez, se transmutava em ira. Esforçava-se para pensar o mínimo possível na cabana e, mesmo quando ela lhe vinha à mente, seus pensamentos não eram agradáveis nem bons. Se aquilo era uma piada de mau gosto, a pessoa realmente havia se superado. E assinar “Papai” só tornava a coisa ainda mais horrenda.

{Trecho do Livro: A Cabana – Willian P. Young}

Sinopse: Publicado nos Estados Unidos por uma editora pequena, A cabana se revelou um desses livros raros que, através do entusiasmo e da indicação dos leitores, se torna um fenômeno de público – já são quase dois milhões de exemplares vendidos – e de imprensa.
Durante uma viagem de fim de semana, a filha mais nova de Mack Allen Phillips é raptada e evidências de que ela foi brutalmente assassinada são encontradas numa cabana abandonada.
Após quatro anos vivendo numa tristeza profunda causada pela culpa e pela saudade da menina, Mack recebe um estranho bilhete, aparentemente escrito por Deus, convidando-o para voltar à cabana onde aconteceu a tragédia.
Apesar de desconfiado, ele vai ao local do crime numa tarde de inverno e adentra passo a passo no cenário de seu mais terrível pesadelo. Mas o que ele encontra lá muda o seu destino para sempre.
Em um mundo tão cruel e injusto, A cabana levanta um questionamento atemporal: Se Deus é tão poderoso, por que não faz nada para amenizar o nosso sofrimento?
As respostas que Mack encontra vão surpreender você e podem transformar sua vida de forma tão profunda quanto transformou a dele. Você vai querer partilhar este livro com todas as pessoas que ama.
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“Deve ser lida como se fosse uma oração -
cheia de ternura, amor, transparência e surpresas...”
{
Michael W. Smith - cantor gospel americano}

Opinião: Não tenho palavras pra dizer do livro. Em alguns momentos achei a leitura um pouco cansativa... Mas num todo é um excelente livro, li num momento delicado da minha vida e apesar de ter chorado bastante em alguns momentos, o livro me ajudou em alguns momentos... Não levanto bandeira se é certo ou errado o que está escrito... Eu encarei apenas como um livro, uma boa leitura, que nos mostra coisas bonitas... E acho que é isso que um bom livro precisa nos passar... Coisas Bonitas!
Editora: Sextante
Assunto: Religião
ISBN: 9788599296363
Idioma: Português
Edição: 1
Número de Páginas: 240

terça-feira, 23 de junho de 2009

A Menina que Roubava Livros...


Veio o verão.

Para a menina que roubava livros, tudo corria bem.
Para mim, o céu era da cor dos judeus.

Quando seus corpos acabavam de vasculhar a porta em busca de frestas, as almas subiam. Depois de suas unhas arranharem a madeira, e em alguns casos, ficarem cravadas nela, pela pura força do desespero, seus espíritos vinham em minha direção, para meus braços e galgávamos as instalações daqueles chuveiros, escalávamos o telhado e subíamos para a largueza segura da eternidade. E continuavam a me alimentar. Minuto após minuto. Chuveiro após chuveiro.

Nunca me esquecerei do primeiro dia em Aschwitz, da primeira vez em Mauthausen. Nesse segundo local, com o correr do tempo, também passei a pegá-los no fundo do grande penhasco, onde suas fugas acabavam terrivelmente mal. Havia corpos quebrados e meigos corações mortos. Ainda assim, era melhor do que o gás. Alguns deles eu apanhava ainda a meio caminho da descida. Salvei você, pensava comigo mesma, segurando suas almas no ar, enquanto o resto de seu ser ─ suas carcaças físicas ─ despencava na terra. Eram todos leves, como cascas de nozes vazias. E um céu enfumaçado nesses lugares. O cheiro fazia lembrar uma fornalha, mas ainda muito frio.

Estremeço ao recordar ─ ao tentar desrealizar aquilo.
Bafejo ar quente nas mãos, para aquecê-las.
Mas é difícil mantê-las aquecidas quando as almas ainda tiritam.
Deus.
Sempre pronuncio esse nome, ao pensar naquilo.
Deus.
Duas vezes, eu repito.
Digo o nome d’Ele na vã tentativa de compreender. “Mas não é sua função compreender“. Essa sou eu respondendo. Deus nunca diz nada. Você acha que é a única pessoa a quem Ele nunca responde? “Sua tarefa é…” E eu paro de me escutar, porque para dizê-lo curto e grosso, eu canso a mim mesma. Quando começo a pensar desse jeito, fico inteiramente exausta e não tenho o luxo de me entregar à fadiga. Sou obrigada a continuar, porque, embora isso não se aplique a todas as pessoas da Terra, é verdade para a vasta maioria: a morte não espera por ninguém ─ e, quando espera, em geral não é por muito tempo.

Em 23 de junho de 1942, havia um grupo de judeus franceses numa prisão alemã em solo polonês. A primeira pessoa que peguei estava perto da porta, com a mente em disparada, depois reduzida a passadas, depois mais lenta, mais lenta…

Por favor, acredite quando lhe digo que, naquele dia, peguei cada alma como se fosse um recém-nascido. Cheguei até a beijar alguns rostos exaustos, envenenados. Ouvi seus últimos gritos entrecortados. Suas palavras evanescentes. Observei suas visões de amor e os libertei de seu medo.A todos levei embora e, se houve um momento em que precisei de distração, foi esse. Em completa desolação, olhei para o mundo lá em cima. Vi o céu transformar-se de prata em cinza e em cor de chuva. Até as núvens tentavam fugir.Vez por outra, eu imaginava como seria tudo acima daquelas nuvens, sabendo sem sombra de dúvidas, que o Sol era louro e a atmosfera interminável era um gigantesco olho azul. Eles eram franceses, eram judeus, e eram você.

A morte, personagem de Markus Zusak
in A menina que Roubava Livros
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quinta-feira, 18 de junho de 2009

A Cabana...


"O ser transcende a aparência. Assim que você começa a descobrir o que há por trás de um rosto muito bonito ou muito feio, de acordo com seus conceitos e preconceitos, as aparências superficias somem\té simplesmente não importar mais. {...} Deus, que é a base de todo o ser, mora dentro, em volta e através de todas as coisas, e emerge em última instância como real. Qualquer aparência que mascare esta verdade está destinado a cair."

{Trecho do Livro: A Cabana - pág. 102}
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terça-feira, 16 de junho de 2009

Malinche...


"- A vida sempre nos oferece duas possibilidades: o dia e a noite, a águia e a serpente, a construção e a destruição, o castigo e o perdão, mas sempre há uma terceira possibilidade oculta unificando as duas: trate de descobri-la."

{página: 61}
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segunda-feira, 1 de junho de 2009