terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Comer, Rezar,Amar...

Esse está na minha lista de desejos:


"Como a maior parte dos humanóides, carrego o fardo daquilo que os budista chamam de “mente de macaco” – pensamentos que pulam de galho em galho, parando apenas para se coçar, cuspir e guinchar. Desde o passado remoto até o futuro desconhecido, minha mente fica pulando a esmo pelo tempo, tendo dúzias de idéias por minuto, descontrolada e sem disciplina. Isso, em si, não é necessariamente um problema; o problema é o apego emocional que acompanha o pensamento. Pensamentos felizes me tornam feliz, mas – vupt! – com que rapidez torno a me prender a preocupações obsessivas, estragando a felicidade; e então basta a lembrança de um momento de raiva pra eu começar a ficar exaltada e brava de novo; então minha mente decide que aquela pode ser uma boa hora para começar a sentir pena de si mesma, e a solidão não demora a chegar. Afinal de contas, você é o que você pensa. As suas emoções são escravas dos seus pensamentos, e você é escravo de suas emoções.
O outro problema de toda essa pulação pelos galhos do pensamento é que nunca está onde está. Você está sempre remoendo o passado ou especulando sobre o futuro, mas raramente pára no momento presente. É um pouco como o hábito da minha amiga Susan, que – sempre que vê um lugar bonito – exclama, quase me pânico, “Que lindo isto aqui! Quero voltar aqui algum dia!”, e preciso lançar mão de todo o meu poder de persuasão para tentar convence-la de que ela já está lá. "

Elizabeth Gilbert inComer, Rezar, Amar
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sábado, 20 de fevereiro de 2010

A Cozinha Açafrão...


"No Noroeste do Irã, nas planícies de Khorasan, existe um vilarejo chamado Mazareh. É uma colméia de muros de barro marrom, onde os montes se encontram com planícies, longe da cidade mais próxima, Mashad, com suas cúpulas douradas e seis minaretes. Lá vivem quarenta famílias ou mais, cujos antepassados cultivavam as terras e cuidaram dos rebanhos antes da poderosa família Mazar, que deu nome ao vilarejo.

Mas Mazareh tem um significado próprio - pequeno milagre - e estrelas próprias que brotam do solo ao anoitecer. É uma terra de superstições, embora o povo seja devoto. Se você a visitar hoje, encontrará uma nova capela de tijolos vermelhos no lugar do templo, que desmorona lentamente na orla do vilarejo. Se você olhar mais adiante, atrás do velho templo, num dia de verão, talvez encontre flores silvestres, papoulas rústicas, ao pé de uma pedra riscada de liquens amarelos.


Se olhar mais de perto, verá que não é uma pedra, mas duas, cabeça e tronco, uma mulher de pedra que ninguém se lembra desde quando está lá. Você pode passar por ela e não notar sua presença, mas na noite escura o vento sopra pelos furos do seu corpo e seus suspiros percorrem a terra. Ela observa a passagem do tempo. Está lá agora, enquanto a terra gira.Suas correntes passam por ela. Cruéis ou gentis, as estações e os séculos fazem-na cantar, embora não tenha boca, nem língua, nem voz própria.
Esta é a história dessa mulher, uma história que ela pode contar, se você quiser ouvir."

{Trecho Extraído do Livro: A Cozinha Açafrão - Yasmim Crowther}

Sinopse: A partir de um acidente envolvendo a filha grávida, a iraniana Maryam Mazar se vê obrigada a reavaliar sua vida e a voltar para o Irã, de onde foi expulsa mais de 40 anos antes. O país, porém, não é mais o das lembranças da jovem que partiu para a Inglaterra em busca de liberdade e independência. Mas é ainda uma terra de lendas, aromas e sabores. Na remota aldeia Mazareh, no noroeste do Irã, Maryam é obrigada a enfrentar o passado e as lembranças de uma vida que tivera de abandonar quando seu pai a deserdou por um pecado que não cometera, quando ela era jovem, linda e obstinada. Enquanto isso, na Inglaterra, sua filha Sara cuida do primo Saeed, que havia perdido a mãe, e de seu pai, desolado com o abandono da mulher. Juntos, trazem à tona o passado de Maryam a partir de fragmentos de conversas, fotografias e alguns versos de um poema. Na tentativa de reconstruir a família, Sara vai ao Irã descobrir as causas da infelicidade da mãe e tentar levá-la para casa. 'A cozinha açafrão' é uma história sobre traição e castigo, sobre segredos que podem ferir ou libertar, sobre a dor do exílio e a difícil alegria do retorno.

Opinião: Cativante. Envolvente. A história de mãe e filha com sua diferenças e de como não podemos esquecer o passado. Com delicadeza e emoção aprendemos que, como diz na "orelha" do livro, certas coisas ficam pra trás, mas nunca nos abandona totalmente.

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Editora: Suma de Letras
Assunto: Literatura Estrangeira-Romances
ISBN: 8560280146
Idioma: Português
Tipo de Capa: BROCHURA
Edição: 1
Número de Páginas: 304

Início:12/02/2010
Término: 19/02/2010

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Imagens..





Ganhei de Presente... :)

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terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Olhos de Menina...


"Três coisas aconteceram quando eu tinha sete anos.
Na primavera aprendi a soletrar meu nome completo. Levou semanas, mas quando finalmente dominei todas as quinze letras, eu as escrevia onde quer que pudesse - nos livros, na mobília, com ketchup, no meu prato, com pilot nos meus braços, com cuspe nas vidraças. Uma vez, gravei meu nome logo acima do rodapé do banheiro de baixo. Minha mãe nunca descobriu, mas eu sabia que estava lá. Eu sentava, balançando as pernas e ficava olhando meu trabalho artesanal debaixo da pia. Ele brilhava, em seu tom azul-lápis-de-cera.

Então no verão, eu me queimei. Tinha passado o dia no jardim, cavando na terra, procurando por minhocas. As lajotas do pavimento estavam quentes demais para se andar em cima delas, e o telhado do depósito chegou a amolecer. À noitinha, eu estava completamente roxa. Ela me deu um banho de banheira frio e espalhou loção de calamina em mim mas, mesmo assim, eu gritava de dor. Não consegui dormir por três dias. Estava febril, irritável, e os lençóis grudavam nas minhas feridas.

Duas semanas mais tarde, novas sardas aparecerem.
E, dez dias antes do Natal, eu a perdi.
{...}

Evangeline. Cinco consoantes, cinco vogais. Um nome difícil de ser domado quando se está aprendendo a escrever de mãos dadas. Um nome difícil, ainda aos 29 anos de idade, porque leva séculos para conseguir soletrá-lo ao telefone, e já fui acusada até de tê-lo inventado. Os homens, particularmente, o pronunciam de maneira errada. Eles se precipitam sobre a palavra, se enrolam nela como se fosse arame. A lentidão, como na maioria das coisas, é o segredo.

Eu costumava detestá-lo, é claro. Queria um nome que não fizesse sombrancelhas se juntarem nem que tivesse de ser repetido. Ansiava por um nome que coubesse na latyeral da minha lancheira. Mas mesmo assim, minha mãe gostava dele."

{Trecho Extraído do Livro: Olhos de Menina - Susan Fletcher}

Sinopse: Em romance de estréia, jovem autora inglesa conquista prêmios com texto singelo e profundo.
Um lugar úmido onde flores aparecem misteriosamente na porta das casas. Pessoas olham com desconfiança. Uma infância atribulada e intensa. Isso é só o começo de uma história cujo cenário é repleto de cores e intuição.
Olhos de menina são os olhos de Eve Green, uma criança sensível que se torna uma mulher singular, que tem de aprender a enfrentar difíceis lições. Eve - cujo nome significa "aquela que respira, que vive" - convive com uma dor reprimida e com estranhas amizades. No romance de Susan Fletcher - jovem escritora de formação e profissão, que em seu primeiro trabalho já saiu com dois prêmios literários que revelam grandes autores no Reino Unido -, passado e presente transitam em harmonia. Fletcher trabalha com cenas memoráveis em que transcendem os pensamentos e as características físicas da protagonista, o que confere um traço forte de narrativa fotográfica, com raios incisivos e filtros de cor.

Opinião: Em “Olhos de Menina”, a personagem principal é Evangeline. Ja adulta e gravida de seu primeiro filho ela nos conta como, depois da morte de sua mãe, foi viver com os avós. O desenrolar dos fatos são mostrados em fragmentos entre presente e passado. No qual fazemos uma viagem deliciosa elos acontecimentos na vida de Evangeline e dos que a cercam. É o primeiro livro da autora e que venham outros no mesmo estilo. 

Editora: Bertrand Brasil
Assunto: Literatura Estrangeira-Romances
ISBN: 9788528613674
Idioma: Português
Tipo de Capa: BROCHURA
Edição: 1
Número de Páginas: 336

Início:04/02/2010
Término: 09/02/2010