quinta-feira, 15 de abril de 2010

O Último Trem para Istambul....


"Ela voltou pontualmente às dez horas da manhã seguinte para encontrar Miguel. Estranhou vê-lo fora do contexto e sem o avental. Naquele dia, ele vestia paletó elegante verde-oliva e sapatos de couro muito bem engraxados. Sonia enxergou-o de modo um pouco diferente e percebeu pela primeira vez que ele devia ter sido extremamente bonito um dia.
-Buenos dias - disse ele, beijando-a nas duas faces. - Vamos a algum lugar tomar café antes de eu levá-la para o passeio. Tenho um lugar favorito.
Andaram alguns minutos até uma pequena praça dominada pela estátua de uma mulher.
- É Mariana Piñeda - explicou Miguel. - Se estiver interessada mais tarde posso lhe contar alguma coisa a respeito dela. Foi uma heroína feminista
Sonia assentiu.
O café aonde Miguel a levou era muito maior do que o seu e mais cheio de gente, mas o proprietário rival o recebeu calorosamente e provocou por estar acompanhado de uma "señora guapa". Quase todas as outras mesas estavam ocupadas por elegante senhores de idade que conversavam uns com os outros, enquanto vários homens de negócios permaneciam junto ao bar, todos lendo o El País. Cigarros fortes fumegavam numa fileira de cinzeiros. Os funcionários do bar trabalhavam zelosos, ligeiros, preparando tostadas com azeite, tomate ou geleia, ou então enxugando ruidosamente os talheres. Churros frescos brilhava debaixo de uma redoma de vidro. Duas mulheres bem vestidas, de seus cinquentas e poucos anos, os cabelos castanhos em penteados rígidos, levantaram-se para sair quando Miguel e Sonia chegaram, e os dois rapidamente se esgueiraram pra os lugares delas. Era um café movimentado e qualquer espaço ali valia ouro. Enquanto retirava dois copos de conhaque com as bordas manchadas de batom vermelho, o graçom tomou o pedido de Miguel e daí a instantes ambos estavam sendo servidos, a rapidez e eficiência dele eram tão agradáveis de se ver quanto uma dança.
- Por onde devo começar? - perguntou Miguel retoricamente.
Sonia inclinou-se para a frente, cheia de expectativa. Sabia que ele não esperava uma resposta.
- Acho que vou falar um pouco mais sobre a época imediatamente anterior à Guerra Civil - decidiu ele. - A metade da década que mencionei, entre o fim da Ditadura em 1931 e o começo da Guerra Civil em 1936. É o período conhecido como a Segunda República, e a família Ramírez viveu uma fase de relativa satisfação durante aqueles anos. Sim, isso mesmo, acho que seri um bom ponto por onde começar.

{Trecho Extraído do Livro: O Retorno - Victoria Hislop}

Sinopse:

Dor e paixão na Espanha devastada pela guerra.
Quando o passado retorna ao presente, o futuro se torna ainda mais imprevisível. E, nesse livro, redentor. Sonia Cameron está na Espanha, em férias, para comemorar o aniversário de 35 anos da melhor amiga com aulas de flamenco. Sua intenção é apenas dançar e se divertir. Em Londres, deixou a aridez e as exigências do cotidiano e um casamento em crise.

Em um café sossegado de Granada, contudo, uma conversa casual com o proprietário e uma intrigante coleção de fotografias antigas a atraem para a história extraordinária da Guerra Civil Espanhola e da vida de personagens locais encantadores e marcantes, como toureiros, dançarinas, músicos e o poeta García Lorca.

Setenta anos antes, o café era o lar dos Ramírez, família que, em 1936, presencia as piores atrocidades do golpe militar liderado pelo general Francisco Franco, e vivencia o despedaçar do frágil equilíbrio do país. Divididos pela política e pela tragédia, todos escolhem um lado e travam uma batalha pessoal à medida que a Espanha se dilacera.

O Retorno é uma cativante e complexa lição sobre perdas e lealdade, narrada em um contexto histórico fascinante e muito bem-construído. Encantador e profundamente comovente, o segundo romance de Victoria Hislop é tão inspirador quanto sua obra de estreia, o best-seller internacional A Ilha.

Opinião: Sou fã de romances históricos, e sempre quis ler algo que me contasse um pouco mais sobre a Guerra Civil na Espanha... e não me decepcionei!
Através da família Ramirez somos tranportados para uma Espanha devastada pela sua Guerra Civil.As esperanças, os ideais, a dor , as descobertas. Tudo alinhavado lindamente pelo amor a dança flamenca. Vale muito a pena! Um belíssimo livro.


Editora: Intrinseca
Assunto: Literatura Estrangeira-Romances
ISBN: 9788598078755
Idioma: Português
Tipo de Capa: BROCHURA
Edição: 1
Número de Páginas: 408
Início: 06/05/2010
Término: 20/05/2010

sexta-feira, 9 de abril de 2010

A Conspiração Franciscana...


O Grifo
Festa de São Remígio 1º de outubro de 1271


Frei Conrad franziu a testa, intrigado, ao chegar ao topo da trilha que ziguezagueava até sua cabana. O esquilo agitando a cauda e guinchando, no parapeito da janela, indicava que havia um visitante lá dentro, alguém que não era o criado de Rosanna.
- Quieto, Irmão Cinzento! – ralhou, deixando cair o feixe de lenha que trazia ao ombro. – Dê ao estranho as boas-vindas que daria a mim. Ele pode ser um dos anjos do Senhor.
O eremita envolveu o esquilo em suas mãos e depois o soltou com leveza sobre o tronco escuro de um pinheiro que ficava logo adiante. O animal subiu para um galho mais alto enquanto Conrad entrava pela porta.
Sem se incomodar com a conversa, o visitante – um frade – dormia com a cabeça aninhada sobre a mesa do eremita, o rosto escondido sob o capuz. Conrad resmungou baixinho, satisfeito. Se tivesse de ser sociável e conversar, pelo menos o assunto seria espiritual. As sandálias de couro e a batina nova, de um cinza cor de rato, que seu hóspede usava não lhe agradaram tanto. Provavelmente era um Conventual, um daqueles frades mimados cuja vida estava mais próxima dos monges negros enclausurados do que de um filho de São Francisco desenraizado. Torceu para que a conversa não acabasse na velha discussão sobre a essência da verdadeira pobreza. Estava cansado e desconfiado daquele assunto; não havia lhe trazido nada além de sofrimento.
Apanhou os galhos secos que juntara, carregando-os pelo fio de junco que os atava. O sol mergulhava cedo nos montes Apeninos nessas tardes de outono, e o ar da montanha já vinha esfriando bastante durante a noite. Carregou vários punhados de folhas mortas, pinhas e coníferas secas e amontoou tudo dentro do círculo de pedras achatadas no centro do aposento. Enquanto acendia o fogo com sua pedra de sílex, um murmúrio sonolento veio do canto.
- Frei Conrad da Offida?
A voz, surpreendentemente aguda, parecia a de um menino de coro antes de começar a falsear e a oscilar na puberdade. O visitante era um noviço, supôs, e provavelmente jovem demais. Como norma, a Ordem não recebia candidatos menores de quatorze anos, mas as autoridades muitas vezes ignoravam essa proibição.
- Sim, sou frei Conrad – disse. – A paz do Senhor esteja convosco, jovem irmão.
E continuou ajoelhado ao lado do anel de fogo.
- E também convosco. Meu nome é Fabiano – o rapazinho esfregou o nariz com as costas da mão, abafando as palavras.
- Fabiano. Muito bem! E seja bem-vindo. Assim que o fogo pegar, vou cozinhar uma sopa. Há grãos de feijão de molho no caldeirão.
- Nós também trouxemos comida – disse o menino, apontando o polegar na direção de uma sacola trançada que pendia da viga do teto. – Queijo, pão e uvas.
- Nós?
- O criado de Monna Rosanna guiou-me até aqui. Foi a patroa dele quem mandou essa comida de reserva, caso não tivesse o suficiente para você e uma visita.
Conrad sorriu e disse:
- Essa dama costuma ter de fato esses gestos de cortesia.
{...}

Fragmentos de lembranças flutuaram por sua mente: duas crianças repartindo pãezinhos à margem do cais, enquanto o sol tremeluzia na água a seus pés. A imagem desintegrou-se por inteiro, da mesma forma que os reflexos luminosos se dispersavam nas pequeninas ondas naquela tarde longínqua, pois o visitante logo voltou a tagarelar.
{...}

A cabana recendia ao aroma das favas sendo cozidas. O menino respirou fundo e coçou a cabeça:
- Gosto de saber da vida das pessoas. Queria poder passar meu tempo todo vagando pelo mundo a colecionar histórias, como frei Salimbene. Conhece frei Salimbene?
Conrad fechou a cara.
- Ele não é um frade que você devesse imitar. Por que não me conta o motivo que o fez vir até mim? – mirou de novo aqueles olhos escuros, que de repente se encheram de compaixão, quase chegando às lágrimas. Então e finalmente compreendeu.
- Frei Leo? – disse, respondendo à própria pergunta.
- Sim.
- Ele morreu em paz?
- Em paz, na mesma cabana em que São Francisco faleceu.
- Ele deve ter ficado contente por isso.



{Trecho Extraído do Livro: A Conspiração Franciscana - John Sack}

Sinopse: Em 1230, a Ordem dos Franciscanos dissimulou os estigmas da pele de São Francisco de Assis e escondeu o lugar exato de sua tumba, que só seria descoberta 600 anos depois. Que segredo terrível e ameaçador a Igreja desejava ocultar?
Traduzido para mais de vinte países, A conspiração franciscana é uma obra de ficção baseada em fatos reais que prende o leitor do começo ao fim.
Pouco antes de morrer, frei Leo, um grande companheiro de São Francisco, escreve uma carta de despedida para seu amigo Conrad e esconde nos ornamentos do pergaminho uma mensagem que faz referência a acontecimentos misteriosos da vida do santo.
Preocupado com as possíveis implicações políticas e religiosas da carta, Conrad abandona seu isolamento nas montanhas e atravessa a Itália para encontrar explicações.

Que motivação estaria por trás da atitude de frei Leo? E por que mandara uma mensagem cifrada?
Ao buscar respostas, Conrad descobre uma armação de altos membros do clero para proteger um segredo que poderia destruir a Ordem e abalar os alicerces da Igreja Católica, colocando em risco sua vida, seus votos e sua própria fé.
Numa trama cheia de suspense, romance e aventura, A conspiração franciscana conduz o leitor por histórias paralelas que pouco a pouco vão se cruzando e revelando conexões surpreendentes.

Opinião: Gostei da narrativa, das descrições dos lugares... É um bom livro, mas talvez por não ter conhecimento da vida de São Francsico na hora em que o grande segredo é revelado não tenha tido tanto impacto sobre mim... De qualquer maneira é um livro muit bem escrito.

Editora: Sextante
Assunto: Literatura Estrangeira
ISBN: 9788599296165
Idioma: Português
Tipo de Capa: BROCHURA
Edição: 1
Número de Páginas: 432
Início: 29/03/2010
Término: 09/04/2010