sexta-feira, 9 de abril de 2010

A Conspiração Franciscana...


O Grifo
Festa de São Remígio 1º de outubro de 1271


Frei Conrad franziu a testa, intrigado, ao chegar ao topo da trilha que ziguezagueava até sua cabana. O esquilo agitando a cauda e guinchando, no parapeito da janela, indicava que havia um visitante lá dentro, alguém que não era o criado de Rosanna.
- Quieto, Irmão Cinzento! – ralhou, deixando cair o feixe de lenha que trazia ao ombro. – Dê ao estranho as boas-vindas que daria a mim. Ele pode ser um dos anjos do Senhor.
O eremita envolveu o esquilo em suas mãos e depois o soltou com leveza sobre o tronco escuro de um pinheiro que ficava logo adiante. O animal subiu para um galho mais alto enquanto Conrad entrava pela porta.
Sem se incomodar com a conversa, o visitante – um frade – dormia com a cabeça aninhada sobre a mesa do eremita, o rosto escondido sob o capuz. Conrad resmungou baixinho, satisfeito. Se tivesse de ser sociável e conversar, pelo menos o assunto seria espiritual. As sandálias de couro e a batina nova, de um cinza cor de rato, que seu hóspede usava não lhe agradaram tanto. Provavelmente era um Conventual, um daqueles frades mimados cuja vida estava mais próxima dos monges negros enclausurados do que de um filho de São Francisco desenraizado. Torceu para que a conversa não acabasse na velha discussão sobre a essência da verdadeira pobreza. Estava cansado e desconfiado daquele assunto; não havia lhe trazido nada além de sofrimento.
Apanhou os galhos secos que juntara, carregando-os pelo fio de junco que os atava. O sol mergulhava cedo nos montes Apeninos nessas tardes de outono, e o ar da montanha já vinha esfriando bastante durante a noite. Carregou vários punhados de folhas mortas, pinhas e coníferas secas e amontoou tudo dentro do círculo de pedras achatadas no centro do aposento. Enquanto acendia o fogo com sua pedra de sílex, um murmúrio sonolento veio do canto.
- Frei Conrad da Offida?
A voz, surpreendentemente aguda, parecia a de um menino de coro antes de começar a falsear e a oscilar na puberdade. O visitante era um noviço, supôs, e provavelmente jovem demais. Como norma, a Ordem não recebia candidatos menores de quatorze anos, mas as autoridades muitas vezes ignoravam essa proibição.
- Sim, sou frei Conrad – disse. – A paz do Senhor esteja convosco, jovem irmão.
E continuou ajoelhado ao lado do anel de fogo.
- E também convosco. Meu nome é Fabiano – o rapazinho esfregou o nariz com as costas da mão, abafando as palavras.
- Fabiano. Muito bem! E seja bem-vindo. Assim que o fogo pegar, vou cozinhar uma sopa. Há grãos de feijão de molho no caldeirão.
- Nós também trouxemos comida – disse o menino, apontando o polegar na direção de uma sacola trançada que pendia da viga do teto. – Queijo, pão e uvas.
- Nós?
- O criado de Monna Rosanna guiou-me até aqui. Foi a patroa dele quem mandou essa comida de reserva, caso não tivesse o suficiente para você e uma visita.
Conrad sorriu e disse:
- Essa dama costuma ter de fato esses gestos de cortesia.
{...}

Fragmentos de lembranças flutuaram por sua mente: duas crianças repartindo pãezinhos à margem do cais, enquanto o sol tremeluzia na água a seus pés. A imagem desintegrou-se por inteiro, da mesma forma que os reflexos luminosos se dispersavam nas pequeninas ondas naquela tarde longínqua, pois o visitante logo voltou a tagarelar.
{...}

A cabana recendia ao aroma das favas sendo cozidas. O menino respirou fundo e coçou a cabeça:
- Gosto de saber da vida das pessoas. Queria poder passar meu tempo todo vagando pelo mundo a colecionar histórias, como frei Salimbene. Conhece frei Salimbene?
Conrad fechou a cara.
- Ele não é um frade que você devesse imitar. Por que não me conta o motivo que o fez vir até mim? – mirou de novo aqueles olhos escuros, que de repente se encheram de compaixão, quase chegando às lágrimas. Então e finalmente compreendeu.
- Frei Leo? – disse, respondendo à própria pergunta.
- Sim.
- Ele morreu em paz?
- Em paz, na mesma cabana em que São Francisco faleceu.
- Ele deve ter ficado contente por isso.



{Trecho Extraído do Livro: A Conspiração Franciscana - John Sack}

Sinopse: Em 1230, a Ordem dos Franciscanos dissimulou os estigmas da pele de São Francisco de Assis e escondeu o lugar exato de sua tumba, que só seria descoberta 600 anos depois. Que segredo terrível e ameaçador a Igreja desejava ocultar?
Traduzido para mais de vinte países, A conspiração franciscana é uma obra de ficção baseada em fatos reais que prende o leitor do começo ao fim.
Pouco antes de morrer, frei Leo, um grande companheiro de São Francisco, escreve uma carta de despedida para seu amigo Conrad e esconde nos ornamentos do pergaminho uma mensagem que faz referência a acontecimentos misteriosos da vida do santo.
Preocupado com as possíveis implicações políticas e religiosas da carta, Conrad abandona seu isolamento nas montanhas e atravessa a Itália para encontrar explicações.

Que motivação estaria por trás da atitude de frei Leo? E por que mandara uma mensagem cifrada?
Ao buscar respostas, Conrad descobre uma armação de altos membros do clero para proteger um segredo que poderia destruir a Ordem e abalar os alicerces da Igreja Católica, colocando em risco sua vida, seus votos e sua própria fé.
Numa trama cheia de suspense, romance e aventura, A conspiração franciscana conduz o leitor por histórias paralelas que pouco a pouco vão se cruzando e revelando conexões surpreendentes.

Opinião: Gostei da narrativa, das descrições dos lugares... É um bom livro, mas talvez por não ter conhecimento da vida de São Francsico na hora em que o grande segredo é revelado não tenha tido tanto impacto sobre mim... De qualquer maneira é um livro muit bem escrito.

Editora: Sextante
Assunto: Literatura Estrangeira
ISBN: 9788599296165
Idioma: Português
Tipo de Capa: BROCHURA
Edição: 1
Número de Páginas: 432
Início: 29/03/2010
Término: 09/04/2010

Um comentário:

Rúbia Barros disse...

oi...
olha mais um livro que eu li... não eu não sou nerd,e sim tenho muito tempo de sobra...hahhah
ta ai mais uma história que promete,mas não cumpre,ah sei lá,talvez como voce mesmo disse por não conhecer a história dele...e não acredito que foi grande segredo assim,quer dizer que o significado das chagas dele,mudaria realmente,o modo como as pessoas o veriam?
abração pra vc....