quarta-feira, 20 de março de 2013

O Poço e a Mina...

 
 
Trecho do Livro:

1.
O Chamado da Água


Tess: Depois que ela jogou o bebê, ninguém acreditou em mim pelo maior tempo do mundo. Mas eu continuava a ouvir o barulho da água.
A varando dos fundos dá pra porta da cozinha, e no seu chão de tábuas marrons cinzentas largas e espaçadas dá pra perder uma moeda, se a gente não tomar cuidado. As tábuas tavam mornas por causa do calor de agosto, mas respirar era menos difícil do que de dia. Todo mundo foi pra varanda da frente depois do jantar, então eu pude ficar ali sentada sozinha, só com a noite e as árvores ao meu redor e a lua crescente recortada no céu. O jardim tinha o cheiro mai forte do que o de bolinhos fitos amanhecidos de milho e ervilhas com cebola. E a brisa andava de fininho pela varanda, carregando aqueles cheiros de refeições feitas e por fazer, junto com a baforada da umaça do cigarro de papai e pedações de conversas. Era a melhor hora do dia pra ficar sentada com o poço, ele com sua armação de madeira em um dos cantos a pequena varanda dos fundos e eu no outro.

Eu amava o poço naquela época.
{...}

Ela ninou o embrulho por um minuto, junto ao peito, como se tivesse botando ele pra dormir, sussurrando. O cobertor escorregou da cabea do bebê e eu vi um clarão de pele. Aí a mulher o atirou no poço. Assim mesmo, do nada.
 
Sinopse: No verão de 1931, na cidade mineradora de Carbon Hill, no Alabama, uma garotinha de nove anos vê um bebê sendo jogado nas águas do poço de sua família por uma mulher misteriosa, que some na escuridão. Atônita, Tess Moore torna-se testemunha de um crime inexplicável. É o auge da Grande Depressão nos Estados Unidos, e a família Moore se esforça para sobreviver com dignidade. Albert Moore trabalha nas minas de carvão. Diferente da sorte da maioria dos colegas, Albert conquistou a duras penas seu próprio pedaço de terra, o que lhe permite pôr comida na mesa de sua família - Leta, sua esposa, e os três filhos. Os Moores são conhecidos também pela presteza em ajudar os vizinhos menos afortunados. Tudo isso torna ainda mais intrigante o episódio do bebê no poço. Os cidadãos, chocados, não falam de outra coisa, mas é Tess quem mais se aflige com o mistério. Ela passa a ser atormentada por pesadelos frequentes, nos quais tem certeza de estar acompanhada do bebê morto. A fim de trazer um pouco de paz ao sono da irmã mais nova, Virgie, de 14 anos, elabora um plano para descobrir a identidade da Mulher do Poço. À medida que Tess tenta desvendar o mistério da Mulher do Poço, uma imagem nítida dos anos 1930 emerge das histórias narradas nas vozes dos diferentes membros da família Moore - um retrato composto de sons e cheiros, sensações e memórias que evocam um passado de privações, de condições desumanas de trabalho e de segregação racial; mas também de anedotas familiares, detalhes afetivos da vida doméstica e perspectivas culturais que não são contempladas em livros de história.

Opinião: A história começa quando Tess, uma menina de 9 anos, vê uma mulher que ela não reconhece jogando um bebê no poço de sua família. A partir desse ponto a autora faz uma crítica bem construída sobre a época em que vivem os personagens - a depressão americana -, principalmente sobre as precárias condições dos trabalhadores mineiros e a segregação racial. O livro flui com muita facilidade. Um ponto bem interessante é que cada personagem conta sua versão sobre o mesmo fato.
Não tem como não se encantar com a família Moore. Na busca para descobrir a identidade da tal mulher eles nos mostram os costumes e os acontecimentos da época. Eu recomendo!

Ficha Técnica:

Título: O Poço e a Mina
Título Original: The Well and the Mine
Autor: Gin Phillips
Tradutores: Gustavo Mesquita e Ana Carolina Mesquita
Selo: Amarilys
Páginas: 294
Categoria: Romance
ISBN: 9788520430279
Capa: Brochura
Edição/Ano: 1/2011
Preço Sugerido: R$ 39,00

Início em: 14/03/2013
Término em: 20/03/13

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