quarta-feira, 9 de junho de 2010

01 Ano...

"Eu sei que quando um paizinho dorme para sempre, ele não atende mais o
telefone, não aparece mais no portão. Não adianta chamá-lo pelo nome ou
dizer que é dia de futebol. É que quando um paizinho dorme para sempre,
ele fica assim, espalhado no mundo, em todas as coisas pequeninas,
e a gente precisa de muita delicadeza para encontrá-lo de volta.
No começo, a gente só o encontra nos suspiros da mãe,
nos olhos do cachorro esperando no portão, na cadeira vazia,
no remendo dos armários, nos pregos segurando os quadros,
na garrafa de vinho, pela metade.
Aos pouquinhos e devagar, a gente começa a encontrá-lo
nas alegrias do mundo, no vôo das cotovias,
no desenho das nuvens formando barquinhos e caravelas,
numa pessoa sem mágoa, nas toalhas sem nódoa,
e até quando felizes nossos olhos vão se enchendo d'água... "

{Rita Apoena}

...

Nenhum comentário: