segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A Casa que Amei...



“Daqui debaixo as batidas e os sons de coisas se espatifando chegam abafados, menos aflitivos. Mas parecem estar mais perto a cada dia. soube por Gilbert que começaram pela rue Sainte- Marthe e pela passage Sant-Benot onde eu costumava caminhar com o meu irmão e onde você brincava quando era menino. Foi por lá que as picaretas deram início a seu trabalho horrendo. O bairro de sua infância foi destruído, meu coração. Também se foi o café peculiar em que você ia de manhã. Assim como a passagem sinuosa que levada à rue Saint-Benot, aquela viela escura e velha com calçamento de pedra irregular, onde um gato tigrado saltitava. Foram-se os gerânios cor de rosadas janelas, a meninada alegre correndo na rua. Tudo se foi.

Sinto-me em segurança aqui embaixo, nesse nicho da casa com a chama bruxelante da vela lançando sombras compridas à minha volta. {...} Quando me aninho por aqui, perco a noção do tempo, do dia indo embora. A casa me ampara em um aconchego protetor. Em geral, espero os estrondos diminuírem e, quando tudo está em silêncio, me esgueiro lá em cima para esticar as pernas.
Como poderia deixar a casa, meu amor? Esse prédio alto e anguloso é a minha vida. Cada cômodo têm a sua história. A sua. Preciso escrever essas histórias nessas folhas de papel. Sinto um anseio fortíssimo, insaciável. Quero escrevê-las para que as palavras se mantenham fortes, com vida própria, e para que existam de verdade. Para que a história dessa casa e de seus moradores continue a existir para sempre. Para que não sejamos esquecidos. Sim, nós, os Bazelet da rue Childebert. Moramos aqui e apesar das peças que o destino nos pregou, aqui fomos felizes. E ninguém – pode escrever o que estou dizendo - , ninguém vai tirar isso de nós.”

{Trecho do Livro: A Casa de Amei - Tatiana de Rosnay - Editora Suma das Letras}

Sinopse: Paris, 1860. Centenas de casas estão sendo demolidas e bairros inteiros reduzidos a pó. Por ordem do imperador Napoleão III, o Barão de Haussmann dá início a uma série de renovações que alteram para sempre a cara da antiga capital. As reformas apagam a história de gerações, mas, em meio ao tumulto, uma mulher resiste. Rose Bazelet é uma viúva parisiense há anos de luto pela morte do marido. Mesmo assim, mantém uma vida movimentada com amigos e uma rotina que a satisfaz. Quando sua casa é posta na linha de destruição pela modernização parisiense, ela se desespera e não se conforma. Ela está determinada a lutar até as últimas consequências contra a derrubada de sua casa, que guarda tantas lembranças de sua família. Enquanto outros moradores fogem, Rose se recusa a sair e inventa histórias para despistar os amigos, se escondendo no porão da casa. Sua única companhia é Gilbert, um maltrapilho que a visita e lhe traz comida. Numa tentativa de superar a solidão do dia a dia, ela começa a escrever cartas a Armand, seu marido já falecido. À medida que mergulha nas lembranças, em meio às ruínas, Rose é obrigada a enfrentar um segredo que esconde há trinta anos. Conforme o dia da demolição se aproxima, seus relatos ficam mais comoventes e surpreendentes. Enquanto enfrenta o passado, ela também tem que lidar com os sentimentos conflitantes que nutre pelos filhos. Com Violette, sua filha mais velha, tem um relacionamento distante. Baptiste, por outro lado, é um filho que ama intensamente, mas que lhe deixou feridas difíceis de serem superadas. Tatiana de Rosnay pinta em A Casa Que Amei um vívido quadro da Paris de 1860, dando movimento às ruas, às casas e aos moradores. E, através de cada carta escrita por Rose, constrói uma protagonista incrivelmente forte que se recusa a abrir mão do último elo que a une à sua família. É a história da força inabalável de uma mulher e uma ode a Paris, onde as casas abrigam não apenas os sentimentos de seus moradores, mas também segredos guardados a sete chaves.

Opinião:  Achei muito interessante a maneira da autora de contar a história do livro, ela é feita através das cartas que Rose Bazelet escreve ao seu marido, já falecido, contando a ele dos acontecimentos que marcaram as obras da nova Paris idealizada pelo Imperador Napoleão III. Através dos relatos de Rose nos deparamos em como é difícil para ela abandonar a casa que guarda tantas memórias de sua vida e sua comovente decisão em ficar... Só senti falta de saber um pouco mais da vida da independente e amorosa amiga Alexandrine e do seu fiel escudeiro Gilbert. No mais é um livro muito interessante.
Título: A Casa que Amei
Autor: Tatiana de Rosnay
Editora: Suma de Letras
ISBN: 9788581050836
Páginas: 224
Edição: 1
Tipo de capa: Brochura
Ano: 2012
Assunto: Literatura Estrangeira-Romances
Idioma: Português

Início: 08/10/2012
Término: 15/10/2012

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