sábado, 25 de setembro de 2010

Resistência...


Paris, Páscoa, 13 de Abril de 1943
Meu diário termina em 13 de abril. Entretanto, minhas lembranças são tão claras que posso escrevê-las seguindo uma ordem rigorosa. Tudo está anotado em minha memória como se escrito em cadernos, tudo se encadeia, basta virar lentamente as páginas. Praticamente cada uma dessas páginas está ilustrada com uma imagem bárbara. Muitas mulheres, milhares e milhares de mulheres, viram as imagens que vou descrever. Foram, como eu, personagens quase insignificantes que povoaram essas ilustrações como um "acessório da História contemporânea". Meu testemunho será mais um entre tantos outros. Não terá senão uma qualidade: a Verdade, a Verdade absoluta. Minhas companheiras estão aí, elas sabem que as cores de que me sirvo para pintar essas imagens são propositalmente menos vivas que as naturais. Preferi assim. São imagens como as de antigamente, de Épinal ou de Órleans, mal pintadas, a cor escorrendo aqui e acolá.
Imagens sem arte, imagens reais...

{...}

Wanfried, 29 de Março de 1945
Temos a nítida sensação de viver as últimas horas de cativeiro. Devem ter dobrado a nossa dose de brometo, pois, apesar do nervosismo, dormimos com a cabeça deitada na mesa. Ninguém nos repreende. Pedem apenas para que fiquemos calmas. Não se fala mais em trabalho, fazemos o que queremos. Da janela do dormitório vemos as longas filas de refugiados, tanto civis quanto militares. Como eles passam muito ao longe, não dá para identificar o uniforme. Alguns grupos empunham uma bandeira branca. Pelo passo lento, percebe-se que estão todos cansados, exaustos. Somos solidárias, sentimos pena de todos esses homens que sofrem. Se ao menos pudéssemos fazer algo por eles! Nossos padrinhos de Schwelm talvez estejam na mesma estrada, em algum lugar, metade deles mortos de esgotamento.

{Trecho Extraído do Livro: Resistência - Agnès Humbert}

Sinopse: Mistura de diário e memória, Resistência foi publicado pela primeira vez em 1946 e é um relato surpreendentemente bem-humorado e irônico de Agnès Humbert. Após a invasão dos alemães em Paris, Agnès, historiadora da arte, resolve fundar junto com seus colegas do museu o primeiro movimento de resistência na capital francesa. Agnès e seus amigos faziam o que podiam: convocar pequenas greves estratégicas, retirar as moedas de circulação, distribuir um pequeno jornal que informava todas as ações do movimento e suas conseqüências. Até que os alemães a prenderam e a levaram para um campo de concentração. Lá os horrores da guerra a atingiram em cheio. Agnès decidiu resistir mais uma vez. E conseguiu.
Resistência é o testemunho vivo de uma época e suas questões, o depoimento pessoal de uma mulher forte que sempre soube que estava do lado da vida e da liberdade.

Palavra-Chave: Coragem!!! (Ou se vc preferir a palavra que define o livro é a mesma utilizada no título: Resistência!)

Editora: Nova Fronteira
Assunto: Biografias, Diários, Memórias & Correspondências
ISBN: 9788598078359
Idioma: Português
Tipo de Capa: BROCHURA
Edição: 1
Número de Páginas: 344


Início: 20/09/2010
Término: 25/09/2010

2 comentários:

Anônimo disse...

Assolutamente d'accordo con lei. Ritengo che questa sia un'ottima idea. Sono d'accordo con te.
Assolutamente d'accordo con lei. In questo nulla in vi e credo che questa sia un'ottima idea.

Iêda Ferreira disse...

Oi, Dani!
Mais uma vez, foi inspiradora a dia. É bom saber que existe uma sintonia que nos aproxima.