quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O Prisioneiro do Céu...

Lendo:


"Sempre soube que um dia voltaria a estas ruas para contar a história do homem que perdeu a alma e o nome entre as sombras de uma Barcelona submersa no sono medroso de um tempo de cinzas e silêncio. São páginas escritas com fogo sob a proteção da cidade dos malditos, palavras gravadas na memória daquele que retornou de entre os mortos com uma promessa cravada no coração e pagando o preço de uma maldição. A cortina se abre, o público silencia e, antes de a sombra que espreita seu destino descer sobre o palco, um elenco de espíritos brancos entra em cena com o texto de uma comédia nos lábios e aquela bendita inocência de quem, pensando que o terceiro ato é o último, começa a narrar um conto de natal sem saber que, ao virar a última página, a tinta de sua alma o arrastará, lenta e inexoravelmente, ao coração das trevas."

 

Julián Carax, O prisioneiro do céu.
(Editions de la Lumière, 1992)

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