sexta-feira, 24 de abril de 2009

O Luar na Avenida da Fé...

"Vendo-a agora - com 178 quilos e engordando a cada dia, o corpo tão imenso que ela não consegue colocar-se de pé há mais de dois meses ou passar de um aposento para o outro se a porta não for retirada da aduela, a respiração tão estentórea que por sua causa todos os cachorros da rua em Los Angeles onde ela hoje mora com a irmã disparam a latir e o piano da casa vizinha põe-se a tocar melodias esdrúxulas nas horas mais estranhas- é impossível acreditar que mamãe, Roxanna o Anjo, já tenha sido uma jovem com olhos de aquarela e pele translúcida que conseguia parar o riso e levava os homens, meu pai entre eles, a segui-la pela cidade inteira sem saber por que a perseguiam ou que fariam se ela algum dia estacasse e respondesse aos seus chamados; impossível acreditar que ela tenha sido tão leve e tão delicada, tão intocada pelas leis da gravidade e pela árdua labuta da existência humana, que certa noite, em que a escuridão tomou a cor dos seus sonhos, cresceram-lhe asas e ela voou para a noite estrelada do Irã, atendendo ao seu chamado.


{...}
Eu tinha cinco anos quando mamãe me deixou, dezoito quando ela voltou. Tia Miram a Lua me diz que preciso entender a partida de Roxanna como a concretização de um destino que ela não conseguia controlar, que me abandonar não havia sido ideia dela, e sim resultado de forças em ação durante séculos antes do meu nascimento. Afirma que Roxanna foi desterrada antes de ser esposa ou mãe, antes de nascer, antes mesmo de ser concebida. É assim que o mundo realmente funciona, Miriam me diz, tanto no Oriente quanto no Ocidente: os seres humanos nada mais são do que instrumento de um destino invisível. O livre arbítrio e as decisões conscientes são meras invenções de mentes demasiados fracas para aceitar a realidade da nossa existência absurda. Portanto, diz ela, devo perdoar Roxanna, por ter escutados meus chamados sem atendê-los ; devo perdoá-la porque deixar papai e eu foi mais difícil para ela do que jamais poderia ter sido para o resto de nós.E Miriam insiste: devo fazer isto puramente pela fé – porque, mesmo que Roxanna esteja de volta agora, deitada aqui no quarto de hóspedes de Miriam a Lua na Avenida dos Veteranos, na zona oeste de Los Angeles, mesmo que olhe para mim com olhos cheios de lágrimas obscurecidos pela consciência da sua própria morte iminente, Roxanna o Anjo recusa-se a me oferecer uma palavra sequer de explicação.Miriam a Lua narra-me a história de minha mãe."


{Trecho extraído do Livro: O Luar na Avenida da Fé – Gina B. Nahai}

Sinopse:
A iraniana Gina Nahai já foi comparada a Gabriel García Márques, pela habilidade com o realismo mágico, e a Scherazade das Mil e Uma Noites jeito de contar histórias. O Luar na Avenida da Fé é uma fábula cheia de poesia e imaginação sobre a saga de uma família do Irã. A história é rica e cheia de detalhes interessantes como um tapete persa. Encantador e arrebatador foram alguns adjetivos que a crítica usou para definir o livro.
... Numa noite repleta de estrelas, Lili, de cinco anos, vê sua mãe, Roxanna, o Anjo, ganhar asas e desaparecer no céu.... Eu adoro romances que se passam no Oriente Médio, fico fascinada com os costumes, a culinária, tudo!
E esse livro não deixa nada disso a desejar... a história é bem contada e tem drama, romance e tragédias que são ingredientes maravilhosos para um bom livro... A busca incansavel de Lilly para conhecer os verdadeiros fatos que levaram sua mãe a sair de casa. Como diz na própria sinopse é um livro arrebatador!

Editora: Geraçao Editorial
Assunto: Literatura Estrangeira-Romances
ISBN: 8575090178
Idioma: Português
Edição: 1
Número de Páginas: 374

Nenhum comentário: